Review: A Amiga Genial, de Elena Ferrante
Já nesse tempo havia qualquer coisa que me impedia de abandoná-la. Não a conhecia bem, nunca tínhamos trocado uma palavra, apesar de estarmos sempre a competir uma com a outra, na aula e fora dela. Mas tinha a vaga sensação de que se fugisse, como as outras, deixaria com ela algo de meu que ela nunca mais me restituiria.
Acho que o prémio de melhor leitura do ano já tem um vencedor!
Em julho, li uma notícia que dizia que o livro A Amiga Genial, de Elena Ferrante, tinha sido adicionado à lista dos melhores livros do século XXI, pela revista New York Times Book Review. Fiquei super curiosa por ler este livro, que já vi tantas figuras do mundo literário recomendarem, por isso adicionei-o à minha wishlist para um dia ler.
Quando pesquisei o livro pela primeira vez algo me deixou chocado, 20€ por um livro de 200 e tal páginas pareceu-me um valor algo exagerado, pelo que o deixei a marinar até encontrar uma edição usada a um preço mais em conta. Não chegou a ser necessário, porque em agosto a Wook fez uma promoção bastante simpática e encomendei o livro imediatamente, antes que a oportunidade voasse.
Mal peguei no livro, descobri logo dois factos interessantes. Primeiro: Elena Ferrante é um pseudónimo. Ninguém sabe ao certo quem é esta autora e sequer se é uma mulher. Acredita-se que seja italiana, mas existe uma aura de mistério em torno desta. Segunda: é que este é o primeiro de 4 livros, ou seja uma tetralogia, o que me pôs logo a fazer contas à vida.
Mas passando agora ao que interessa, a história da Amiga Genial. Nesta obra, conhecemos duas amigas, Lila e Lenù, duas meninas pobres dos bairros degradados de Nápoles. A história desta amizade é narrada por Lenù desde o dia em que as duas se conhecem. Estas duas amigas são geniais, cada uma à sua maneira. Lila é ousada, atrevida e possivelmente a mais inteligente do bairro. Lenù é mais calma, ponderada, mas igualmente determinada. Desde cedo que as duas amigas percebem que os seus destinos estão interligados e que apesar das oportunidades e sarilhos que a vida lhes vai pondo à mão de semear, este laço nunca se vai quebrar.
Apesar de ser a mais inteligente da escola, Lila é obrigada a desistir dos estudos e ajudar os pai na sua sapataria. Lenù, por outro lado, e graças à insistência da sua professora, continua a estudar e torna-se verdadeiramente genial. Eu adorei a forma como a história está contada, é engraçada, misteriosa, triste e deprimente. É um daqueles livros que parece que não estamos a ler, mas sim a viver, cada linha da vida das personagens. Tem intriga, muitos sarilhos e aventuras e estas duas miúdas dão pano para mangas a todos os que as conhecem. Depois de lermos A Amiga Genial, já não podemos viver sem as aventuras e desventuras da Lila e da Lenù, mas também de todas as outras personagens que compõem esta história, como Nino, Stefano, Rino, Melina, Marcello, Pasquale, e por aí fora. Cada um à sua maneira cresce dentro de nós e adensa a nossa curiosidade por saber qual será o seu desfecho nesta narrativa.
Neste primeiro livro, acompanhamos a infância e início da adolescência das duas personagens. Pelo que percebi, cada volume acompanha uma fase específica da vida delas, sendo que o próxima irá relatar a entrada na vida adulta.
O livro termina com um mistério que dá o mote para o segundo livro da coleção, História do Novo Nome, e que despertou em mim uma vontade incontrolável de o ir comprar a correr para poder continuar a acompanhar a vida destas duas amigas. Já não sei se será este ano, mas em 2025 tenho a certeza que passarei muitas horas à volta de Elena Ferrante, que tenho quase a certeza, entrará para a lista dos meus autores favortios.
E só vos digo uma coisa, nunca confiem num talhante e mais não digo.
A minha avaliação: 5 (se pudesse dava mais)