A literatura é coisa muito séria, onde não entra o zapping.

 

Descobri Mário de Carvalho através de um podcast no qual estive um pouco viciada no final de 2024, chamado Livros da Piça. Neste podcast, que não é apropriado para pessoas muito sensíveis, os dois intervenientes apresentam, de forma alternada, péssimos livros e livros que gostaram muito de ler. Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto entrou no episódio dedicado aos bons livros e, depois da descrição feita, não resisti.

O livro faz uma crítica, com bastante ironia e humor à mistura, à sociedade portuguesa e ao Partido Comunista Português. Ao longo da história, vamos conhecendo várias personagens que, embora pareçam não ter nada a ver umas com as outras, acabam todas entrelaçadas na ação.

Não é um livro de fácil leitura – deixo já o aviso –, mas achei a história simplesmente deliciosa. Ri-me imenso e adorei o narrador interventivo, que ia tecendo comentários nada isentos ao longo da narrativa. Fiquei muito curiosa para ler mais coisas deste autor que, através de uma breve pesquisa, descobri ter sido muito ativo na luta pela liberdade, tendo sido preso e torturado pela PIDE.

E porque já vamos na página catorze, em atraso sobre o momento em que os teóricos da escrita criativa obrigam ao início da ação, vejo-me obrigado a deixar para depois estas desinteressantes e algo eruditas considerações sobre cores e arquitecturas, para passar de chofre ao movimento, ao enredo. Na página três já deveria haver alguém surpreendido, amado, ou morto. Falhei a ocasião de “fazer progredir” o romance.

A minha avaliação: 4
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