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Paula Mendes

Mais um blog sobre livros

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Review: Nunca Me Deixes, de Kazuo Ishiguro

O segundo livro de Kazuo Ishiguro do ano chega como uma agradável surpresa.

 

Bege e Cinza Minimalista Citação Post para Insta

 

Tenho que admitir, que a escrita de Kazuo Ishiguro me transmite alguns sentimentos contraditórios. O autor começa sempre a contar as suas obras partindo do princípio que nós, leitores, sabemos o que se está a passar com as personagens. Por um lado, esta estratégia de escrita deixa-me muito intrigada, fazendo com que as minhas sessões de leitura nunca tenham fim, porque quero descobrir o mais rapidamente possível o que se está a passar. Por outro lado, pode tornar, às vezes, a ação um pouco confusa, uma vez que não temos do nosso lado toda a informação que precisamos para compreender os sentimentos que nos estão a ser expostos.

 

Mas passando à história em si, que é por isso que estão a ler este artigo. Kathy é a nossa narradora, uma jovem, aparentemente normal, que vive num colégio interno, Hailsham. Não percebemos logo o que torna as nossas personagens diferentes, é através do decorrer da ação e da interação entre as mesmas que chegamos à conclusão de que aquele não é um colégio normal.

 

A história centra-se na vida de três amigos, Kathy, Ruth e Tommy e é através das lembranças que a Kathy vai partilhando connosco sobre o convívio em Hailsham que começamos a perceber que os alunos estão completamente isolados do mundo exterior e que têm um propósito que lhes vai sendo revelado aos poucos à medida que vão crescendo. Estes jovens são clones de pessoas excluídas da sociedade, como prostitutas, drogados, sem abrigo, etc, e foram criados para servirem de doadores de órgãos. Nesta distopia a ciência evoluiu de tal forma, que as doenças mais letais são agora facilmente tratáveis, mas para isso foram tomadas decisões que aos nossos olhos parecem inconcebíveis.

 

Desde cedo percebemos que existe mais por trás da criação do colégio do que o autor nos faz crer. Esta razão só é revelada nos últimos capítulos e posso dizer que é como uma pontada no coração.

 

Eu gostei muito deste livro, até mais do que o Klara and the Sun, lido no mês passado. Dá-nos uma visão sobre a inocência, amizade e sobre a perda a nível muito profundo. Acho que é um daqueles livros que vou ter que voltar a ler.

 

Como disse na TBR de julho, este livro foi adaptado ao cinema em 2010 e conta no seu elenco com Carey Mulligan, Andrew Garfield e a incrível Keira Knightley. Ainda não tive oportunidade de ver, mas quero muito assistir.

 

E tu já leste este livro? O que achaste?

 

A minha avaliação: 4.5