Review: O Vício dos Livros, de Afonso Cruz
Ao contrário de tantos outros vícios, o dos livros é, na verdade, uma virtude. De facto, ter livros não é o mesmo que, por exemplo, ter dinheiro. Ter livros é como ter amigos, ter dinheiro é como ter com que pagar a amigos.
Não há mais bela história, do que a história de um belo livro!
Nada me tenta mais a comprar um livro do que saber que se trata de um livro sobre livros. É como se soubesse que, é praticamente impossível que uma história sobre livros não seja, no mínimo, brilhante.
O Vício dos Livros foi a minha primeira compra da feira do livro deste ano. Na verdade, não fazia parte da minha lista de compras, mas quando o vi no stand da Poetria não consegui resistir.
O que me chamou a atenção, em primeiro lugar, foi a belíssima capa deste exemplar da Companhia das Letras, em seguida apaixonei-me pela sinopse e pela história prometida (um pouco como funciona o amor na vida real).
Neste livro, do autor português Afonso Cruz, são apresentados vários contos, todos eles relacionados, de alguma forma, com a leitura ou com os livros. São contos muito bonitos, ri-me bastante com alguns. É um livro pequeno, de leitura rápida, mas que nos aquece o coração.
Este é o segundo livro do Afonso Cruz que leio este ano e temo que o autor me esteja a habituar mal, porque a cada nova obra que compro, fico mais apaixonada pela sua escrita e pelas histórias que tem para contar.
Como disse, é um livro relativamente pequeno, que se lê de uma assentada só. Os seus contos levam-nos a viajar por várias geografias e à descoberta da história dos livros e da sua importância para a nossa vida.
Um dos contos que mais gostei foi “A morte, perante os livros, fica sem poder”, de onde transcrevo a minha parte favorita:
Gabriela Cabral disse num conferência que “um leitor tem a vida muito mais longa do que as outras pessoas, porque não morre até acabar o livro que está a ler." O seu próprio pai, explicava Gabriela, tinha demorado imenso a falecer, porque vinha o médico visitá-lo e, abanando tristemente a cabeça, garantia: “Não passa desta noite”; mas o pai respondia:”Não, nem pense, não se preocupe, não posso morrer porque tenho de acabar O Outono do Patriarca”. E, assim que o médico se ia embora, o pai dizia: “Tragam-se um livro mais grosso”.
Esta é verdadeiramente uma obra indispensável para os verdadeiros amantes dos livros, garanto que não se vão arrepender de o lerem.
Gostava muito de saber se já leste mais algum livro de Afonso Cruz e se sim, quais recomendarias!
A minha avaliação: 5