Review: Um dia na vida de Abed Salama, Nathan Thrall
O conflito Israelo-palestino não é uma novidade, no entanto, o mais recente ataque do Hamas e a resposta sangrenta de Israel despertou, finalmente, a atenção da comunidade internacional para este tema.
São vários os livros que podes ler para compreender melhor a realidade palestiniana neste conflito, mas hoje deixo a recomendação de "Um dia na vida de Abed Salama" do jornalista norte americano Nathan Thrall.
A minha avaliação: 4.8
O livro centra-se em torno de um grupo de alunos de um jardim de infância palestiniano que vão fazer uma visita de estudo. O autocarro em que seguiam tem um acidente e incendia-se matando várias crianças e deixando outras tantas feridas.
Partindo deste mote, vamos conhecendo Abed Salama, pai de Milad, um dos meninos que seguia no autocarro e da sua luta para encontrar o filho e saber se este está vivo. Conhecemos a sua história até aquele dia trágico, passando pela explicação da primeira e segunda Intifada, da realidade palestiana antes da ocupação israelita e no que mudou durante esta invasão.
Para além da realidade de Abed, também vamos conhecendo a história de outras personagens como Huda, uma jovem médica, cuja família fugiu da Palestina para sobreviver ao conflito com Israel e que viveu em campos de concentração, sem condições dignas, onde o ódio crescia com facilidade. Entramos ainda na vida dos familiares dos colegas de Milad e conhecemos realidades diferentes de palestinianos que vivem em Gaza e em Jerusalém.
Apesar de já estar familiarizada com este conflito aprendi bastante com a leitura deste livro, como a questão das cores dos cartões de identificação que limitavam a circulação dos palestinainos dentro do seu território, da degradação recorrente das condições de vida deste povo para que aos poucos saíssem das zonas ocupadas e dessem lugar aos colonos e até do facto de por exemplo as ambulâncias, bombeiros e polícias não poderem acorrer a acidentes sem a autorização de Israel, deixando, como neste caso, um autorcarro cheio de crianças a arder sem qualquer tentativa de ajuda às vítimas.
O último capítulo termina com dois parágrafos fortes capazes de nos deixarem a pensar em como pequenas restrições na vida das pessoas pode levar a grandes tragédias para aqueles que nada têm a ver com este conflito e que não pediram para nascer numa das terras mais sangrentas do nosso planeta.